Existem atualmente no país 1.820 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais, segundo pesquisa realizada pela Polícia Rodoviária Federal, com apoio da Childhood Brasil, da Secretaria de Direitos Humanos e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgada durante o 4º Encontro Empresarial Na Mão Certa, no dia 06 de outubro, em São Paulo.
Os cinco estados com maior índice de exploração nas estradas são justamente os que detêm as maiores malhas viárias. Juntos, esses estados possuem 45,7% dos pontos, sendo Bahia e Paraná detentores de 24,9% do total de pontos críticos.
Os pontos vulneráveis estão muitas vezes relacionados com a circulação de caminhoneiros, sendo que parte deles pode agir como facilitadores ou clientes da exploração sexual de crianças e adolescentes, o tráfico de drogas e a prostituição adulta, de acordo com a pesquisa. A ausência de vigilância privada aliada à falta de repressão de práticas ilícitas influencia a predominância da utilização de crianças e adolescentes neste mercado.
De acordo com o estudo, a exploração sexual de crianças e adolescentes ocorre com maior frequência nos corredores de escoamento de riquezas e em estradas que ligam regiões mais desenvolvidas a outras menos desenvolvidas. Os dados apontados pelo mapeamento são importantes para elaborar planos de ação coordenados de enfrentamento e prevenção envolvendo os diferentes setores, bem como para o planejamento de políticas públicas.
Este ano, por decisão estratégica, não serão informados os locais exatos, nem detalhes sobre os pontos de risco nas rodovias. “Nossa experiência mostra que a divulgação indiscriminada dos resultados dos locais específicos de exploração faz com que os mesmos migrem para outros pontos, inviabilizando a realização de ações de responsabilização”, afirma Rosana Junqueira, Coordenadora de Programas da Childhood Brasil.
A pesquisa vem sendo aprimorada a cada ano, tornando-se mais precisa para o enfrentamento a este crime. A edição 2009/2010 do mapeamento foi feita com uma nova metodologia, que padroniza a coleta de dados em todos os postos da Polícia Rodoviária Federal, com critérios objetivos e recursos informatizados. O novo método poderá ser utilizado nas futuras edições e permitirá que o mapeamento seja aplicado nas rodovias estaduais.